14.3.11

Road of life


Pelas ruas antipáticas passavam rostos despedaçados. O cheiro das roseiras murchas permanecia, mas as rosas já nem pétalas tinham. Lembravam um coração com sangue mas completamente desfeito, num peito igualmente desgraçado. E era aquela a rua do amor. Percorri pela parte de dentro do passeio, ao longo daquelas cem arvores, e na vigésima quinta procurei os nossos nomes. Lembrei-me das tuas falas e o rumo da boca, lembrei-me das tuas pálpebras semicerradas e do teu respirar. Recordei tudo, porque tudo estava decorado. Aquela era sem dúvida a rua do amor. Pisei as tuas pegadas largas, uma por uma, e todas elas me pareciam levar a ti, segui o sentido que o vento dava aos teus negros fios de cabelo, e eles não me enganavam. Agora tinha toda a certeza, aquela era a rua do amor. Chegando, sentei-me no nosso banco, aquele que tinha larga vista para o mar, aquele em que prometes-te sentar-te sempre comigo, aquele que fora construido e destruido por nós. Respirei bem, abri os olhos e olhei em redor. Repiti o processo três vezes, mas tu não apareces-te. Tudo tinha desaparecido e cheirava agora a simples maresia. A esperança de que ficasses subiu-me para a garganta gerando um nó, depois os olhos encheram-se de água e o navio partiu.
Aquela já nao era a rua do amor, e nesse momento deixou de ser nossa também
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4 comentários:

  1. Não tens de quê :) Vai publicando, porque há sempre quem aprecie os teus textos, de facto escreves muito bem:)

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  2. dá-me o link do teu blog no sapo, gostava de dar uma olhadela ;)

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  3. gsotei muito do teu blog :3

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