13.1.11

a call lost in a love pain

O telefone tocou e eu deixei-me ficar. Estava exausta e pesada, tão pesada que achei que, mal pusesse os pés no chão, nele cairia redonda. Nem tentei abrir os olhos, nada do que visse me iria agradar e o sol cegava, era certo. O calor corroía a pele e uma gota de suor bateu no chão, fazendo o primeiro ruído daquela madrugada. Um fio de lã tinha-se despedido do casaco, estragando-o, as mangas estavam molhadas, as mãos sujas, os ténis tinham sujado o quarto e certamente a entrada também, o cabelo estava despenteado, mas não havia naquela casa nem uma só alma que o quisesse pentear. Nem a mamã "querida" se tinha incomodado com tais factos. Estranho - pensei. A caixa dos cigarros tinha sido guardada havia meses mas eles eram o único remédio para aquele bater do coração doloroso. Sentei-me sobre a cama sem abrir os olhos, sabia exactamente cada canto do pequeno quarto. Tirei um e o velho isqueiro com bonecos. Tinha de chegar mais além, a janela tinha que ser aberta por causa do fumo que se acumulava. Entretanto o telefone voltou a tocar. Ao acender o cigarro reparei no anel que trazia no dedo preferido, era de facto uma peça maravilhosa, mas neste momento passara a ser apenas isso e perdera todo o significado interior. Caí sobre os joelhos com as mãos na cabeça, eu odiava aquele quarto, odiava tudo o que ele tinha observado. Sem forças fui parar ao chão e desisti da ideia de abrir a janela. Lembro-me das chamas grandes que me atraiam e do calor infernal que acabava de vez comigo, não me fazia diferença, de qualquer maneira eu já estava morta à muito. O ruído do telefone era agora incansável. Com as ultimas forças que restavam tirei o anel daquele dedo o pu-lo que que mais odiava, depois tentei respirar fundo uma ultima vez, mas a única coisa que consegui respirar foi fumo. Fechei os olhos sugada pela dor e o telefone deixou de tocar.

talvez a chamada devesse ter sido atendida e a explicação devesse ter sido dada. Mas aquele, era um telefone antigo e a chamada estava perdida na dor. Numa dor de amor.

1.1.11

the loser standing small


Quando o sonho era pequeno e cada um, mais do que cada qual, deixava de acreditar tu persistis-te. E cantas-te mais alto, cantas-te tão melhor quanto bastava para me convenceres. E tu conquistaste-me. Foi um processo complexo e invulgar, mas eu lá me deixei levar. Eras tu, e tu tinhas para mim, o mesmo significado que a chegada à lua tinha para o homem. E Armstrong disse lá de cima : "Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade." e eu acredito que ele tenha sido pioneiro nisso. Da mesma forma tu o foste em mim, da mesma forma tu me descobris-te, da mesma forma tu te tornas-te uma ordinária relação para os outros, e um tudo, instalado numa relação com medo de começar. um tudo que com minusculos compassos foi tornando essa relação, numa relação forte e saudavel. Madura. Assim como eu, ao acompanhar esta nossa ligação, me fui tornando numa mulher melhor aos olhos da sociedade. E não que esta ultima tenha que palpitar sobre qualquer aspecto em mim, mas porque esta evolução me deixa numa paz de espirito incrivel, da qual espero nunca sair. Porque quando todos caminhavam em sentido contrario, tu paras-te e renagaste-te só para me apoiar, e porque, tal como louis armstrong foi o 1º homem a chegar à lua, tu foste o 1º homem a chegar a mim.
talvez porque tu tenhas muito mais em ti do que eu cientista que estuda factos, e porque a lua, assim como eu, nao seja apenas um facto que merece ser estudado.