11.8.10

Soldadinho de chumbo


empurrada pela força , senti que os ossos me estalavam e a segurança que autrora distinguia as minhas pernas de um ramo seco, desvaneceu-se. tentei substituír a força das pernas pela força dos braços para que um qualquer movimento me arrancasse daquele sítio. mas nao consegui , era em vão qualquer esforço. sentia os músculos presos por uma qualquer coisa que nao sabia a que chamar e aí, o movimento já ia longe, consegui vê-lo cada vez mais pequeno, a diminuír e diminuír até que num abrir e fechar de olhos desapareceu. Fiquei imóbil sem capacidade de compreesão e movimentação. Feita soldado podre e acabado, perdida num assombro, onde as paredes que me prendiam, nao passavam de chumbo. Isto foi quando foste e nao voltas-te . Só mais tarde tive notícias de que afinal, por mim sobreviveste, por mim tu lutas-te .

nuno

4.8.10

Mercado Negro


Corruptos oportunos falsidades crediveis, noites chamadas de dias à espera que alguém continuasse a acreditar, que tudo iria mudar num país em que, era dificil realizar. os piores eram os velhos moribundos. feitos mendigos, vestiam pele de ciganos e escuras tatuagens que contavam a dores de uma vida, que quanto mais passava, menos o tempo curava. tinham os dias confundidos aos anos. Fugiam, roubavam, porque os olhos viam, e de verdade. Em pézinhos de lã, feitos de tecido rasgado antecipavam, ainda que sem querer, o dia tão esperado. Nunca dera a cara, mas aquele dia tinha finalmente chegado.
Vestido de negro, vinha o pobre,
o falido mercado.