Bateram à porta na hora do jantar
olharam todos para o mesmo lugar
mas ninguem foi capaz de se erguer,
sabiam o que antecipava aquele bater.
o medo as vezes, é alguma coisa
mas o medo, sempre ?
é a incerteza de oxigénio,
o diabo que o lembre.
porém nao havia saida,
e até imaginar doía.
ganhou coragem e caminhou
na direcção que tinham proíbido
ficaram incorralados na incerteza
de um dia se terem perdido.
parou. Fechou os olhos e toda a sua vida
reduziu-se a uma pupila.
Respirou bem fundo, e doeu
Num relance revirou os olhos
e a porta abriu.
Não era assim tão mau.
nem deu pelo que se sucedeu
sentiu-se cair , sentiu-se perder
mas jurou esquecer, porque tinha ultrapassado,
mesmo com medo de doer.
e doeu bem mais forte, até que com coragem
ela admitiu que o seu tempo se tinha acabado
estava na hora de reduzir o presente ao passado.
fechou os punhos, e sem lagrimas
soube que tinha chegado, a hora de decidir
da vida o significado.
deixou-se levar, sabia que naquele instante
o "eu" que lhe pertencera
tinha na memória de muitos ficado.
porque ela, ela mesma
soube o quanto valeu,
soube principalmente, que foi na hora certa
que sem medo,
morreu.
de barriga para cima
soltou um beijo para o ar
porque na hora de se arrender
faltou-se-lhe, para sempre, o ar.
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